No meio da correria, houve um texto meu que não saiu no site Mimo e do qual nem eu me lembrava mais. Fica aqui no blog para constar.
***
***
Verdi, Wagner, Stravinski e Marlos Nobre para o
grand finale
Por Carlos Eduardo Amaral
O concerto de encerramento do MIMO 2013, esta noite,
no palco da Praça do Carmo, em Olinda, traz uma homenagem aos dois
maiores expoentes da ópera no século 19, Richard Wagner e Giuseppe
Verdi. Lembrados este ano pelo seu bicentenário de nascimento, o
músico alemão e o italiano dividem o programa com Igor Stravinski,
por razão dos cem anos de estreia de A sagração da primavera,
e com o pernambucano Marlos Nobre.
Com a participação do soprano Edna D'Oliveira e
regência de Isaac Karabtchevsky, a Orquestra Sinfônica de Barra
Mansa se apresenta a partir das 18h e abrirá o concerto com uma peça
do atual regente titular interino da Sinfônica do Recife. Movimentos
sinfônicos, cujo subtítulo Em memória de um anjo espelha-se
no do Concerto para violino de Alban Berg, foi escrita em 2011
por encomenda da Orquestra Petrobras Sinfônica e estreada por ela no
Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 27 de março daquele ano, sob
regência do mesmo Karabtchevsky.
A intenção da obra foi prestar tributo à memória
de uma das filhas do maestro e de sua mulher Maria Helena. Conforme
comentou o compositor, especialmente para o portal Movimento MIMO, “o
subtítulo, igual ao do Concerto para violino de Alban Berg,
me veio ao espírito de maneira espontânea e tão imediata que não
hesitei em colocá-lo na partitura. Naturalmente, eu bem sabia que
Berg havia composto seu Concerto coincidentemente em memória
de Manon, filha do grande amigo dele Walter Gropius e morta aos 18
anos. Isso não foi empecilho para minha dedicatória à querida
filha do meus amigos Isaac e Helena”.
Marlos revelou que havia escrito um pequeno coral
(uma passagem em forma de coral, não uma peça para coro) antes de
receber a encomenda da peça, e que o tema desse coral vinha-lhe
insistentemente à cabeça passando a inspirar-lhe toda a concepção
dos Movimentos sinfônicos. Convidado a fazer uma resenha da
própria peça, o compositor assim a resumiu ao portal Movimento
MIMO:
A primeira seção se inicia em uma atmosfera
explosiva e trágica, apresentada por toda a orquestra. O clima,
portanto, é de muita emoção e dramaticidade. Gostaria de salientar
que eu não provoquei intencionalmente esse clima inicial, essa
atmosfera angustiante e dramática apenas se apossou de minha mente
imediatamente ao começar a escrever a partitura. Logo aparece uma
ideia melódica mais lírica nas cordas, que vai levando pouco a
pouco a um dos três primeiros grandes clímax de toda a orquestra.
A segunda parte é enlaçada sem interrupção e
a serenidade é alcançada com o tema principal do coral, exposto
pelas madeiras e instrumentos graves e sustentado pelas cordas em
pianíssimo. Há então uma espécie de jogo tímbrico entre o tema
apresentado nos instrumentos graves e as madeiras, tecendo um
fervilhar de notas em um cânone de 25 vozes. Segue, também sem
interrupção, após longas interjeições da orquestra em diferentes
grupos, uma terceira seção onde acontecem transformações rítmicas
e melódicas.
Ligeiras melodias são sobrepostas à reexposição
do coral, recriando paulatinamente a atmosfera de intensa angústia e
dramaticidade. O coral principal finalmente alcança os metais em uma
última exposição de grande intensidade. Um último golpe da
orquestra em fortíssimo marca o início da coda final, onde pouco a
pouco as dissonâncias derivadas de uma escritura contrapontística
cerrada levam finalmente à intensa claridade do acorde perfeito
maior final.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.