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segunda-feira, 24 de junho de 2013

Pérola do futurismo russo

A revolução bolchevique e sua glorificação tardia da revolução industrial tinham o objetivo de o evidenciar a força do proletariado como sustentáculo econômico da nação soviética. No entanto, a apologia às inovações industriais já vinha de alguns tempos atrás e eclodiu nas artes por meio do movimento futurista, lançado em 1909. A proposta do movimento, de exaltar o poder da máquina sobre o homem, veio a calhar à propaganda do regime leninista e produziu interessantes obras artísticas, notadamente na música.

Talvez a peça mais conhecida do movimento soviético seja Zavod, de Alexander Mosolov, palavra russa que pode ser traduzida como "forjaria" (o lugar onde se fabrica peças de aço). Nela, a orquestra aproxima-se ao máximo de como soaria uma indústria siderúrgica, não só pelas sonoridades peculiares que ela reproduz (com o pulso marcado pelos tímpanos, em um constante 4 por 4, e o reforço de uma bigorna e uma folha de zinco no ritornello da seção inicial), mas também pela atmosfera obsediante (repetitiva, enfatizada pelos ostinati) que traduz a opressão derivada do pensamento mecanicista.

Essa versão abaixo não foi bem gravada, porém - dentre as que achei no YouTube - mostra melhor a atuação da bigorna e da folha de flandres. Qualquer coisa, é só fazer uma busca por "zavod mosolov". Há pelo menos cinco interpretações da peça à disposição.

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